No caso do Brasil, o MGI lembra que uma das barreiras mais difíceis é a burocracia para licenciamento ambiental, fase que pode se prolongar por várias instâncias. No caso das pequenas centrais hidrelétricas, por exemplo, há a necessidade de aprovação de órgãos municipais, estaduais e federais e regulações que podem mudar ao longo do tempo. Outro problema é o financiamento. Dados da McKinsey indicam que 75% dos investimentos totais em infraestrutura nos últimos quatro anos foi bancado por financiamento público. De 2005 a 2011, os desembolsos do BNDES teriam crescido a uma média de 20% ao ano. Já o incremento das receitas que alimentam os fundos de financiamento não acontece na mesma medida e o exemplo dados pelo MGI é o do PIS/Pasep, que teria apresentado uma média de crescimento de 15% ao ano, portanto abaixo do nível dos investimentos do BNDES. A solução, de acordo com a consultoria, reside em investimentos privados.
Aqui, a cobra volta a morder o rabo: os investidores privados precisam de uma legislação estável em áreas como as de meio-ambiente e garantias de respeito aos contratos, além de uma clareza em termos de tributação. Sem isso, os projetos acabam tendo um custo maior. As incertezas levaram, por exemplo, a um aumento de 5% nos projetos de infraestrutura na área de água em 2003, segundo o Banco Mundial. Somente esse fator de risco pode aumentar em 20% a tarifa ao consumidor final. A saída para o imbróglio seria uma avaliação dos projetos também do ponto de vista do investidor.
É o caso do Chile, que possui um Plano Master de Infraestrutura e criou um planejamento de longo prazo desvinculado da agenda política. Com ele, há um plano que considera cada projeto de acordo com o que já existe em termos de infraestrutura e como poderia haver a integração das pontas. As análises e métricas são padronizadas permitindo a integração de informações, o que facilita a priorização dos investimentos. Se uma iniciativa como essa fosse tomada, não teríamos quadros como os citados acima, nos quais a iniciativa privada entregou vários parques de geração eólica no prazo, mas o governo nem tinha iniciado as linhas de transmissão. A lista de erros pode ser ampliada ao infinito. A questão, no entanto, é saber se o Brasil consegue ter uma agenda de infraestrutura independente da política, algo difícil principalmente na disputa acirrada que se avizinha em termos de eleição presidencial.
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